Para grande mídia e governo, vidraças são mais importantes que vidas humanas

Opinião

Desde a final da tarde desta quarta, dia 24 de maio, tem sido noticiado de modo constante nos grandes veículos de comunicação do Brasil, o quebra-quebra generalizado na Esplanada dos Ministérios. Segundo a grande mídia, ao menos dois ministérios teriam sido incendiados e alguns outros tiveram vidraças danificadas. Até o momento, pouco se falou das milhares de bombas lançadas na manifestação pelo aparelho repressor do estado. 

Até onde se sabe, tão digno quanto lamentar a depredação do patrimônio público seria se levantar contra a desproporcional reação das polícias a mando do Governo Temer, cujas bombas e tiros também são adquiridos com dinheiro público. Tanta indignação para noticiar a quebra de vidros poderia ser compartilhada, em nossa avaliação, para se verificar os preços de cada bomba de gás, bomba de "efeito moral", tiros de balas de borracha e de chumbo efetuados em direção aos manifestantes que foram revistados antes de se dirigirem ao gramado da esplanada. Quanto ao quantitativo gasto para reprimir manifestações legítimas, por parte dos principais meios de comunicação do país, nem uma palavra.

Desespero do Governo

Na tarde do dia 24 de maio, ao se sentir acuado por parte de milhares de manifestantes que portavam, além dos seus corpos, bandeiras, camisas e muita energia para resistir, o Presidente ilegítimo Michel Temer decretou o uso das Forças Armadas para atuar em todo o Distrito Federal. A justificativa oficial é que o efetivo da Força Nacional de Segurança e da Polícia Militar do Distrito Federal não dariam conta sozinhas da repressão. Por outro lado, avalia-se que o interino quis dar uma demonstração do que seria capaz de fazer para resistir a investida contra o seu governo, que de tão instável, já é considerado inexistente. Ao se socorrer de uma medida de força para resistir ao movimento popular, Temer denota desespero diante da situação e as forças de resistência precisam tirar proveito disso para exigir a imediata retirada de pauta das reformas, a derrubada do governo e a convocação imediata de eleições.

Massacre de camponeses no Pará

Enquanto jovens foram feridos pelos tiros e pelas bombas atiradas pelas polícias em Brasília, 10 trabalhadores rurais, nove homens e uma mulher, foram assassinados pela Polícia Militar da Pará. O ocorrido se deu quando do cumprimento por parte da repressão de uma reintegração de posse em uma área de litígio. As fotos dos corpos feridos de morte já circulam pelo mundo como mais uma chacina debitada nas costas das instituições militares desse país que matam mais do que países oficialmente em guerra.

Por essas e outras, não podemos titubear em afirmar que o Estado brasileiro e suas polícias sempre estiveram em guerra contra o povo. Tão natural se tornou a repressão e morte de seres humanos que chegamos ao ponto de ter uma platéia indignada diante de vidros quebrados e absolutamente passiva diante das fotos de corpos sem vida.

Não podemos mais duvidar de que a forma como os governos reprimem na favela, nas manifestações e no campo estão completamente articuladas. Estamos diante de um recrudescimento da violência estatal para a imposição de um regime antipopular que visa tratar a divergência como dissidência. 

A novidade

Diante desse cenário, todavia, parte da população começa a acordar e reagir. A popularidade do governo golpista despenca, a credibilidade dos grandes meios de comunicação desce ladeira abaixo e as adesões as manifestações crescem cada vez mais. Nas redes sociais, o repúdio ao governo atinge números surpreendentes, segundo analistas.

É preciso acelerar a marcha para a vitória, sem perder a ternura jamais.

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