PSOL em Caetité divulga nota contra barragem da Bahia Mineração

PSOL em defesa do meio ambiente: somos contra a barragem de rejeitos da BAMIN

*Lira itabirana*
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

(Carlos Drummond de Andrade)
Todo mundo está cansado de saber que mineração no Brasil é sinônimo de crimes contra a vida povo. Há menos de três anos da ruptura da barragem do Fundão em Mariana, destruindo a vida milhares de pessoas e assassinando outras 19, a Vale do Rio Doce, estatal privatizada a preço de banana por FHC em 1997, é responsável por mais um crime: sexta-feira(25/01), logo após o meio dia, uma barragem de rejeitos em Brumadinho - MG quebrou e arrastou na lama centenas de trabalhadores, assassinando até o momento 99 pessoas, deixando pelo menos outras 270 desaparecidas, desabrigando centenas de famílias e tramautizando toda a população da região.
Importante ressaltar que das 24.092 barragens registradas no Brasil (sem contar as clandestinas) apenas 3% foram vistoriadas. Destas, 723 foram consideradas de alto risco, isso levando em consideração que na oportunidade a que se rompeu em Brumadinho não estava entre elas!
Em Caetité, desde fins da década passada o burburinho em torno da mineração a ser instalada na região do Distrito de Brejinho das Ametistas é grande: a descoberta de uma jazida de minério de ferro, de grandes proporções, agitou as comunidades, deixou os políticos tradicionais de olho grande e atraiu para Caetité e região a atenção de grandes empresas e dos governos. De uma área esquecida pelo poder público, somente lembrada por ser a terra de Anísio Teixeira e pelas denúncias de contaminação de água por urânio na INB na região de Maniaçu, Caetité passou a ser vista como a nova "Meca" do minério de ferro.
Comunidades tradicionais inteiras, como Antas e Palmito, quilombolas, portanto, históricas, foram removidas das áreas pretendidas; terras públicas foram apropriadas pela empresa que se instalaou na área, a famigerada Bahia Mineração, pessoas venderam as suas propriedades por preços abaixo do praticado no mercado, nascentes secaram, matas foram devastadas, o patrimônio histórico e arqueológico foi vilipendidado etc. A BAMIN dominou o poder público, financiou campanhas, empregou apadrinhados, cooptou políticos, ou seja, sequestrou a representação política do município. Contudo, não se sabe se os supostos impostos da extração de minério já foram ou se são pagos (já que a exploração não começou), muito menos quantos empregos diretos e indiretos foram gerados, se as condicionantes ambientais foram observadas, em síntese: a "caixa preta" da BAMIN, se em nosso município tivéssemos uma Câmara de Vereadores séria e comprometida, já deveria ser objeto de uma CPI!
Não pára por aí! Associada à mineração de ferro, foi construída para o escoamento da produção, um modal exclusivo, a FIOL - Ferrovia da Integração Oeste-Leste. Com quase 80% das obras concluídas no trecho entre Caetité e Ilhéus, segundo o ministro da infra-estrutura do governo Bolsonaro, a ferrovia será concedida (doada) para a iniciativa privada. Assim como começou, sem um diálogo franco com as comunidades, a FIOL segue o seu rumo trágico: depois de construída pelo poder público para atender somente a mineração, com o dinheiro do povo, pela estatal VALEC, o governo entregará ferrovia para os empresários lucrarem. Tudo isso seria cômico se não fosse extremamente trágico. Eles fazem chacota com a cara do povo!
Entretanto, a operação da BAMIN não começou propriamente. Com o término dos trabalhos da ferrovia, faltará ainda a contrução do Porto-Sul em Ilhéus. Como se não bastasse, resta a construção da obra mais temida pelas comunidades e pelo povo da região: a barragem de rejeitos. Prevista para ser construída em uma extensa área entre Caetité e Pindaí, nos moldes tradicionais, ou seja, destruindo dezenas de nascentes numa região semiárida, a barragem de rejeitos da BAMIN tem sido alvo de protestos dos movimentos sociais, sindicatos, famílias e das comunidades do entorno.
Por fim, nós do PSOL Caetité nos solidarizamos com o povo de Brumadinho-MG, porque também sentimos na própria pele os crimes cometidos pela mineração e porque tememos que a tendência desse processo seja a calamidade, já que a BAMIN só tem compromisso com o lucro, o poder público representa a empresa e só nos resta a organização popular, junto ás comunidades e os movimentos sociais, para barrar mais esse retrocesso!
Não à barragem de rejeitos da BAMIN!

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